Esse texto foi publicado pela primeira vez no dia 09/05/2014 no Medium

O mundo dos gurus e dos especialistas replicadores

Faz tempo eu sou crítico ao mercado de marketing no Brasil, principalmente quando se trata de marketing digital. Vejo que existe uma batalha de “especialistas” vendendo suas palestras, blogs, cursos e qualquer coisa que os eleve ao nível de guru. Sempre procuro ler e ouvir sobre o que estão falando e é sempre a mesma coisa. Todos dizem o mesmo com palavras diferentes.

Não surge nada novo, é o mundo dos gurus e especialistas replicadores. Isso significa que o que fazem é apenas dizer o que os outros estão dizendo e, vez por outra, lançar uma previsão polêmica que não é nem um pouco observada na prática (e isso ocorre porque na grande parte das vezes analisam o contexto pensando em como isso vai beneficiar a sua empresa ou agência que quer vender mais no mercado).

Mas isso eu tinha impressão de ser forte aqui, um país ainda sem maturidade nos negócios digitais, que está aprendendo (assim como todo o mundo) e que, por isso, fica mais fácil surgirem gurus e especialistas replicadores:

Eles não precisam estar corretos e entregar resultados reais, precisam é saber fazer bem o seu marketing pessoal.

Quando falo do Marketing de Xalalá, não to dizendo de conceitos genéricos de empresas que tentam se posicionar de uma maneira que não faz sentido nenhum. Eu estou falando dessa massa de palestrantes e profissionais de Marketing Digital que dificilmente trazem algo novo.

Claro, sei que tem pessoas muito competentes que estudam e criam hipóteses, testam as mesmas e geram um conhecimento novo. Mas tenho a impressão que é uma minoria no mercado. A grande parte ainda está no Ctrl+C Ctrl+V do mais do mesmo.

Essa ideia me saltou aos olhos quando vi no site da revista Proxxima, uma reportagem sobre a apresentação de Gopi Kallayil, chief evangelist social for brands do Google, Google+ e You Tube. O título era o seguinte: “Conexão com a marca deve ser emocional”. Ora, se em 2014 essa ideia óbvia (que já se sabe faz tempo) é motivo de tanto auê, é porque tem algo errado: ou o palestrante não tem o que dizer e diz o óbvio ou o mercado está muito, mas MUITO, atrasado.

Aliás, se a matéria toda reflete fielmente as ideias de Gopi, mostra que a apresentação foi apenas um monte de ideias nada novas e que não são nada revolucionárias sendo aplaudidas em pé.

É o Marketing de Xalalá no seu melhor exemplo: um cara que certamente é competente (tem um cargo relevante no Google) vendendo uma palestra insignificante.

Comentei sobre isso no meu perfil do Facebook e um amigo, com bastante experiência no mercado digital, comentou que realmente nossos profissionais estão atrasados e por isso chamou tanta atenção a declaração de Gopi. Tudo bem, mas será que deveríamos vender ao mercado gurus e especialistas que não fazem nada de fato para mudar isso? Será que vale a pena vender esses ícones do Marketing Digital como quem é relevante no mercado se a informação que eles passam é facilmente encontrada em uma simples leitura de blogs?

A situação fica pior quando não vejo nada diferente e bom no mercado sendo feitas por esses replicadores de ideias genéricas. Talvez o errado seja eu que não tentei exercitar minhas redes de conexões para me aproveitar de uma brecha no mercado e passar a fazer as minhas palestras. Talvez até tivesse demanda para tal.

A verdade é que eu sou um defensor das boas práticas. Defensor que devemos criar valor real ao mercado, ajudar a construir um ambiente mais sólido e assim todos ganham. Mas isso se faz com ideias concretas, com conhecimento concreto, novo e testado. Não se faz com palavras genéricas repetidas mil vezes por nossos gurus e especialistas replicadores.

Se ainda duvidam que é tudo a mesma coisa, façam o seguinte exercício: no SlideShare procurem os slides dos cursos e apresentações dos nossos gurus. Leiam a relação de matérias de suas aulas. Ache algo diferente, novo e comprovado por eles mesmos (e não por terceiros). Faça isso e se achar me mostre, porque eu realmente gostaria de aprender alguma coisa nova.